Tribunais populares, notícias diárias em jornais, rádios e televisões a fazer o julgamento e... o justiceiro-mor do reino - Dr. Louçã - a fazer a condenação. A condenar tudo e mais alguma coisa e a "falar de alto" como soubesse tudo o que está no processo.
Falo do caso Portucale (o dos sobreiros de Benavente). A condenação já foi feita pela comunicação social deste país. Os arguidos já estão presos e há muito mais, por de trás deste "tráfico de influências". Faltava mesmo era o justiceiro Louçã a fazer afirmações lamentáveis na Assembleia da República, a condenar os principais arguidos, a fazer supostas ligações ao financiamento partidário... enfim, este senhor sabe sempre tudo e já deu o seu veredicto, mesmo não sabendo se haverá, ou não acusação. É a mais pura demagogia política.
Não vou falar sobre o caso. Confio na Justiça e no seu desempenho. Falo apenas dos tribunais da opinião pública, dos media e do deputado Louçã. Principalmente deste último, que é o maior exemplo da demagogia política, do populismo e da mentira. Este senhor fala, condena e fica impune. É a este senhor e ao seu grupinho de amigos pseudo-intelectuais que toda gente acha muita graça. Mas eles são só isto. Demagogia, mentira, discurso de ódio, anti-sistema e uma postura radical e extremista que mete dó.
Triste país este, onde os media se substituem, constantemente, aos tribunais e onde um deputado se acha o juiz-mor do reino, usando um discurso de ódio extremo, radical e de constante mentira. Assim não vamos longe. Mas toda gente lhe acha muita piada...
Miguel Soares
