terça-feira, novembro 23, 2004

E agora? Também houve pressão?


José Rodrigues dos Santos

Decorreu ontem, na Assembleia da República, uma audição paralamentar, onde foram chamados o Director-Interino de Informação da RTP, José Rodrigues dos Santos, e uma delegação do Conselho de Administração da RTP liderada pelo seu presidente, Dr. Almerindo Marques.
Assisti pela televisão à referida audição porque estava cheio de curiosidade em saber o que realmente se tinha passado dentro da estação pública de televisão. José Rodrigues dos Santos é um jornalista de referência, tem feito um trabalho notável à frente da Direcção de Informação da RTP, devolvendo a dignidade, a credibilidade e a isenção ao nível da informação. Por outro lado, o Dr. Almerindo Marques é, também, uma pessoa responsável e tem feito um excelente trabalho na condução da televisão pública.
Enfim, a saída repentina de José Rodrigues dos Santos, da Direcção de Informação, assim como toda a celeuma que isso criou, fez com que eu estivesse atento à referida audição.
A nossa "queridissíma" e correcta oposição levantou logo suspeitas! Ele foram pressões do Governo, ingerências na Administração e condução da RTP, censura prévia, enfim, os disparates do costume que já fartam pelo rídiculo dos argumentos utilizados. O líder do Bloco de Esquerda, aquele pseudo-intelectual que só vê esquemas, máfias, interesses e grupos de pressão pediu logo (com a sua habitual "cara de anjo" mas com um discurso cheio de ódio) que o ministro Morais Sarmento fosse ouvido e, quem sabe, o próprio Primeiro-Ministro, Santana Lopes pudesse "ir dar uma perninha" à referida audição! Sim, porque era já adquirido que tinha existido uma forte pressão governamental sobre a RTP.
Contudo, as duas partes ouvidas (Direcção de Informação e Conselho de Administração da RTP) negaram, desde logo, que alguma vez tivesse existido qualquer tipo e pressão governamental. Toda a situação fora criada por um suposto concurso de correspondentes para Madrid e a polémica instalou-se porque as variáveis desse concurso foram alteradas. Conclusão: não houve pressão por parte do Governo e as razões da demissão da DI foram por motivos de política interna da empresa. Vai daí e, já depois, do socialista Arons de Carvalho (um exemplo "magnífico" de gestão da pasta da comunicação social) ter sido "ridicularizado" por ter tentado inventar supostas pressões e estas terem sido logo desmentidas por Almerindo Marques e pelo próprio José Rodrigues dos Santos, os nossos deputados opositores resolveram fazer umas "perguntitas"sobre o referido concurso de Madrid, querendo saber ao pormenor o que se tinha passado. Enfim, a partir daqui assistiu-se ao rídiculo de ver a oposição dar palpites sobre a política interna de uma empresa, fazendo ela própria uma pressão sobre as regras de funcionamento da estação pública de televisão.
Foi lamentável e degradante ver esta oposição ser desmentida quanto aos fundamentos de uma suposta pressão (que nunca chegou a existir) e depois gerir as questões com temáticas rídiculas sobre a forma de colocação de correspondentes televisivos, nos quatro cantos do Mundo.
É claro que os nossos media (como não houve "sangue") acharam por bem dar pouco relevo às audições da referida comissão parlamentar. Se tivessem existido pressões... Isso sim!! Daria uma boa reportagem!! Tenham vergonha: oposição e media...
Miguel Soares
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